Há 1 ano e 3 meses conhecia Marina Maurey, portadora de uma síndrome genética rara para qual não existe cura, somente tratamento para melhorar a qualidade de vida dos portadores. Ela era fã da novela e começou a me seguir no twitter.
Nunca tinha ouvido falar em “Mucopolissacaridose”, muito menos sabia que o custo desse tratamento ultrapassa 50 mil por mês e que para terem esse tratamento eles precisam processar o governo.
Achei um absurdo e comecei a ler
tudo a respeito. Marina me mandou vários artigos, trocamos telefone e nos
falávamos sempre. Meu marido e eu abraçamos a causa e, a partir daí, uma
amizade maravilhosa nasceu entre nós e essa pequenininha em tamanho e tão
grande em atitude!
Este ano, Marina e seus pais estiveram no Rio para uma consulta, e fui conhecê-la pessoalmente. Marina já não andava e ia tentar a cirurgia para voltar a andar e não perder os movimentos de seus braços, que já preocupavam.
Assim que ela marcou a data, me avisou. Depois da cirurgia, ela ficaria num apartamento na Barra da Tijuca, bairro em que moro, e me perguntou se eu iria visitá-la. Nunca imaginei que essa seria a última vez em que ela falava comigo.
A cirurgia, dia 05/07, foi um sucesso, e Marina evoluía bem; sua mãe, Andreia, apenas pediu que aguardássemos até ela estar totalmente recuperada e já no apartamento para estarmos com ela, e sempre que eu ligava ela dizia que passava os recados e Marina ficava feliz.
Dez dias se passaram, e às 02:30 da manhã de domingo recebemos um recado da Andreia pedindo orações, pois Marina faria uma cirurgia de emergência; o quadro dela havia se agravado. Fernando e eu acordamos e clamamos a Deus para que fosse retirada toda dor, todo sofrimento e toda doença daquela guerreira maravilhosa.
Às 07:50 recebemos o recado que Marina respirava apenas por aparelhos, ela estava partindo... Fernando e eu corremos para o Hospital em Copacabana.
Nunca esquecerei aquela cena: assim que o elevador abriu, vi Andreia sentada, com as mãos na cabeça, que estava abaixada por entre suas pernas. Que dor estava sentindo aquela mãe! Fiquei parada por alguns minutos, sem ter coragem de dizer uma palavra, e pensando o que falar para aquela mãe naquele momento. Assim que disse seu nome, ela me olhou. Sentei ao seu lado e nos abraçamos por muito tempo e num silêncio absoluto... não precisávamos de palavras... estávamos dizendo tudo uma pra outra naquele abraço...
À tarde entrei na UTI. Francisco, o pai, estava com ela. Foi uma cena que me comoveu muito. Um homem que mais parecia um menino, chorando, sofrendo, um pai! Segurei a mãozinha fofa de Marina e falei com ela, falei de Deus, falei de Jesus, beijei muito seu rostinho e prometi a ela continuar sua luta! Andreia a beijou e a encorajou a partir, a voar para junto de Deus e disse que não se preocupasse, pois ela, Andreia, ficaria bem. Minutos depois, Marina se foi, serena, tranquila, feliz!
Nunca ouvi Marina se queixar de
nada, pelo contrário, me dava forças, me alegrava, me encorajava sempre! Marina
lutou até o último suspiro e tive o privilégio de estar com ela e ser
testemunha de sua luta! Marina foi embora como uma guerreira, foi como veio ao
mundo: uma lutadora! Uma vencedora! Que exemplo!
Deus nos atendeu, não como gostaríamos, mas Deus tem seus mistérios e seus motivos, e quem somos nós para questioná-lo? Aprendi a obedecer e crer somente e não querer entender. Deus não erra nunca! Ele é amor, mas antes de tudo é justiça!
Deus tirou a enfermidade de
Marina, suas dores foram embora, seu sofrimento, sua agonia... Agora ela está
em paz, feliz e tenho certeza de que olha por todos nós.
Para nós, amigos, familiares, conhecidos, ficam as lembranças, lembranças de uma heroína, exemplo de determinação e coragem, lembranças de seu sorriso, sua voz macia, sua alegria. Marina deixa saudades, muitas saudades, mas acima de tudo deixa exemplo, e por ela devemos continuar nessa luta.
A partir de hoje dedico a ela todas as minhas cenas na novela que ela tanto gostava.
Peço a todos que continuem nessa campanha por todos os portadores de doenças raras e graves. Ajudem, orando por todos os portadores, ajudem a divulgar a doença, a lutar pela VIDA.
Vamos à luta, vamos à batalha! Vamos nos erguer e deixar a tristeza de lado, a Marina era muito feliz e tenho certeza de que ela quer que sejamos felizes.
Nunca me esquecerei de você, querida!
Obrigada, Deus, por ter me dado a
honra de conhecer Marina!!! Saudades...
Alessandra Loyola
http://www.euqueroviver.org.br/Abaixo_assinado
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